sexta-feira, 6 de março de 2009

Arcebispo não teve pena da criança que interrompeu gravidez, afirma médico de Recife (PE)

06/03/2009 - 07h52
Fonte:Folha Online

"Tenho pena do nosso arcebispo, que não conseguiu ser misericordioso com o sofrimento de uma criança inocente, desnutrida, franzina, em risco de vida, que sofre violência desde os seus seis anos", afirmou o médico Rivaldo Mendes de Albuquerque sobre o arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, que excomungou os envolvidos no aborto, informa Laura Capriglione, em reportagem publicada na Folha nesta sexta-feira (íntegra disponível para assinantes do UOL e do jornal).

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Segundo a reportagem, Albuquerque é professor de ciências médicas da Universidade Estadual de Pernambuco, católico praticante e foi um dos profissionais que interromperam a gestação da menina de 9 anos.
"Não foi Deus que proibiu a interrupção da gestação em qualquer caso. Foram os homens da Igreja. E eles erram --já queimaram gente viva em praça pública, não se esqueça", disse o médico.
Críticas
Os ministro José Gomes Temporão (Saúde) e Carlos Minc (Meio Ambiente) criticaram nesta nesta quinta-feira (5) a excomunhão realizada pelo arcebispo.
"Eu acho que a posição da Igreja é extrema, radical, inadequada, me parece um contrassenso diante do que aconteceu", disse Temporão ao participar de entrevista a emissoras de rádio durante o programa "Bom Dia, Ministro" nesta quinta.

Minc também fez críticas. "Como cidadão, fiquei muito revoltado com a atitude da igreja. A igreja que deveria em tese ajudar as pessoas ainda cria essa situação. Você acaba criminalizando a vida", disse Minc.
Caso
O crime veio à tona no último dia 25, após um exame médico a que a garota foi submetida no município de Pesqueira. Ela foi atendida após relatar queixas de tonturas e enjoos.
O padrasto da garota, um rapaz de 23 anos, foi preso na última quinta, no município de Alagoinha, suspeito do estupro. O suspeito mantinha relações sexuais com a garota há cerca de três anos.
O rapaz confessou o crime e, em depoimento, admitiu também ter estuprado sua outra enteada, de 14 anos de idade, portadora de deficiências física e mental, afirma a polícia. A Polícia Civil não revelou o nome do suspeito para que a identidade da criança seja preservada.
Ouvido pela polícia, o padrasto confirmou que começou a assediar as duas meninas desde que passou a morar com a família, há três anos. Segundo ele, as enteadas o provocavam.

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