Brasil Foods nasce com R$ 10,4 bilhões em dívidas, mas emitirá ações para levantar capital
A união de Sadia e Perdigão criou a maior processadora de carne de frango do mundo e a décima maior companhia do setor de alimentos das Américas - números que assustaram os varejistas. Temendo o nivelamento de preços e prazos, o setor já se prepara para diversificar, abrindo espaço para marcas menores.
Luiz Fernando Furlan, presidente do conselho de administração da Sadia, apressou-se a afirmar que a Brasil Foods, como foi batizada a nova companhia, não irá elevar preços. A companhia nasce com uma dívida de R$ 10,4 bilhões, mas espera reforçar seus caixa com a emissão de R$ 4 bilhões em ações. A união da Sadia com a Perdigão preocupa o setor supermercadista, que já tem uma estratégia para resistir ao grande poder de fogo adquirido pela megacompanhia que acaba de nascer: "Vamos abrir espaço para as marcas menores", avisa o diretor de uma grande rede de supermercados. O temor dos supermercados é que Sadia e Perdigão nivelem as condições de negociação em termos de prazos, preços e bonificações dadas aos clientes. Apesar da promessa de que as duas marcas permanecem independentes, na prática, elas vão pertencer a uma única companhia. "Esse impacto será inevitável", afirma o diretor de uma grande rede de supermercados. Diante da sensibilidade da questão, Nildemar Secches, agora copresidente do Conselho de Administração da Brasil Foods, nome da nova empresa, teve o cuidado de telefonar para clientes de peso como Pão de Açúcar e Carrefour, para explicar a operação. A maior receptividade dos compradores, especialmente estrangeiros, para marcas menores, foi sentida nos últimos dias por Aderbal Arantes, presidente do Grupo Arantes, dono das marcas Hans, Eder e Sertanejo. Ele conta que fechou, nesta semana, exportações para distribuidores da Europa e do Japão que nunca tinham comprado produtos da empresa. O diretor comercial da Pif Paf Alimentos, Edivaldo Campos, líder no mercado de carnes congeladas em Minas Gerais, é outro empresário que acredita que a união de Sadia e Perdigão vai ampliar o mercado para fornecedores menores. "Todo o cliente quer ter mais de um fornecedor. Isso vai abrir oportunidades para nós tanto no mercado interno quanto no externo." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Fonte: exame/notícias
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