Depois de Nova Iorque e Londres, a Semana de Moda de Milão
insuflou uma boa dose de energia através de colecções que primaram pelo
binómio masculino/feminino, acompanhado de um fogo de artifício de cores
e texturas.
A Gucci inaugurou a passerelle para o Outono/Inverno 2011-2012 com
uma colecção pintada de tons quentes e silhuetas sensuais. Uma mulher
fatal dividida entre o estilo retro de Marlène Dietrich e o visual de
Angelica Houston na década de 70. «Trata-se de um dandy contemporâneo no
feminino, que mistura glamour e sedução», afirmou a directora criativa
da marca italiana detida pelo grupo PPR, Frida Giannini. No ano em que
celebra o 90º aniversário, a Gucci exalta o seu know-how artesanal com
algumas peças fortes como uma saia em pele de cobra envernizada,
vestidos corpete em couro tingido e casacos de peles com tratamentos
especiais.
Esta exultação da cor e da matéria dá também o mote à colecção de
Alberta Ferretti, que revela «uma mulher dinâmica e determinada, voltada
para o futuro», referiu a criadora italiana. Trata-se de uma colecção
«forte, sem ser demasiado barroca, repleta de energia», que aposta nos
contrastes de tonalidades e de materiais, ilustrada por vestidos-casacos
em lã com bordados ou ainda por malhas com efeitos cintilantes.
Entre o estilo futurista e o espírito tribal, a Max Mara reinventou
uma nova elegância, ao mesmo tempo confortável e sofisticada, Os cortes
das peças são depurados ao extremo. Os leggins expulsaram as calças e os
casacos exalam peles sublimes.
Uma atmosfera selvagem que reproduz também a colecção da Fendi, onde
Karl Lagarfeld revisitou o chique descontraído. Dos visuais propostos
destacam as golas de pelo de raposa e os coletes em patchwork de
zibelina, chinchila e marta.
Miuccia Prada, por sua vez, surpreendeu com uma colecção composta
unicamente por vestidos e casacos em versão mini, ornados com acessórios
e detalhes extravagantes, como toucas de banho em peluche ou couro,
botas em couro ou pele de cobra com falsas meias ou ainda golas de
peles. «Procurei revisitar as obsessões das mulheres para alterar os
códigos», explicou a estilista.
Os visuais multiplicaram-se na passerelle. Militar para a Moschino e
para a Versace, nostálgicos para a Antonio Marras e principescos para a
Etro. As mulheres da próxima estação fria assumem a sua multiplicidade,
ecletismo e contradições.
Roberto Cavalli, por exemplo, estratificou os tecidos numa colecção
sensualmente animal, onde tudo brilha. Peles de pelos compridos, penas,
estampados felinos, texturas de répteis vestem as amazonas do estilista
toscano, que cintilam em tonalidades bronze, cobre e ouro e sobrepõem
colares tribais, lenços tentaculares, coletes e casacos masculinos em
ricos tecidos jacquards sobre saias curtas e plissadas ou calças em
veludo.
Já a Dolce&Gabbana aposta na dicotomia masculino/feminino. No
género feminino pontuam os vestidos tipo combinação, justos e sensuais,
acompanhados por sapatos de tacão agulha e soquetes pretos. No masculino
houve um claro assalto ao guarda-roupa de homem.
De igual forma, a Salvatore Ferragamo brinca com a atracção dos
géneros para criar uma colecção requintada, onde os grandes clássicos do
homem são “pervertidos” com subtileza. O tradicional fato transforma-se
em vestido corpete, os fatos príncipe de gales deixam entrever uma
camisa preta transparente, a saia pied-de-poule abre-se a cada passada.
Missoni, por seu lado, propõe uma atmosfera diferente. Aquecidas por
lãs, veludos e peles combinadas com malhas, as manequins da casa
italiana apresentam visuais que transportam ao século XIX.
O rol de grandes criadores na passerelle milanesa encerrou com o
maior entre os maiores: Giorgio Armani, cuja linha principal exaltou a
feminilidade através de peças voluptuosas e materiais delicados.
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