sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Como funciona a gripe suína

Até 1º de agosto houve 2.959 casos de gripe suína com 96 mortes. Os sintomas da doença são os mesmos de uma gripe comum. Como se proteger contra a influenza A H1N1 e o que a torna tão perigosa?
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No Brasil, entre 25 de abril e 1º de agosto de 2009, 17.277 casos de pessoas com sintomas de algum tipo de gripe foram registrados pelas secretarias estaduais e municipais de saúde. Do total, 2.959 (17,1%) foram confirmados como influenza A H1N1. Os números colocam o país como um dos que mais tiveram casos de gripe suína confirmados no mundo nesse período, segundo a Organização Mundial da Saúde. E, de acordo com boletim de 12/08 do Ministério da Saúde, o terceiro em número de vítimas fatais: 192, ficando atrás apenas dos EUA (436) e da Argentina (338) [fonte: Ministério sa Saúde]. Do total de mortos no Brasil, 28 eram mulheres grávidas. Gestantes e crianças com menos de 2 anos fazem parte do grupo de alto risco da gripe H1N1. São considerados grupo de risco:

* Gestantes
* Crianças com menos de 2 anos
* Idosos acima de 60 anos
*
* Pessoas com doenças que debilitam o sistema imunológico, como câncer e Aids, ou que tomam medicamentos que debilitam o sistema imunológico
* Pessoas com doenças crônicas preexistentes, como problemas cardíacos, pulmonares, renais e sanguíneos
* Diabéticos, hipertensos e obesos mórbidos

Estudante usa máscara para cobrir boca e nariz e proteger-se contra a gripe suína
© Sean Locke / iStockphoto
Estudante usa máscara para cobrir boca e nariz e proteger-se contra a gripe suína

O que torna essa gripe tão letal?

A doença surgiu no México em abril de 2009, e se alastrou rapidamente para Estados Unidos, Argentina e Canadá. De lá, o vírus causador da gripe voou para a Europa, Ásia e Oceania, aumentando o número de vítimas fatais e se transformando em uma pandemia. Todos os países do mundo iniciaram medidas relativamente rigorosas para evitar que a doença se alastrasse ainda mais. No momento, há muitas perguntas, poucas respostas e dúvidas sobre a magnitude dessa gripe. Será ela mais letal do que a famosa gripe espanhola de 1918? Ou igual à gripe asiática de 1957? Por que suína? Por que houve a gripe aviária? Afinal, por que os seres humanos têm tanto temor de um vírus?

A explicação para a gripe e outras infecções remonta a um passado longínquo para o homem atual. A espécie humana surgiu na África há provavelmente 150 mil a 200 mil anos. Nossos ancestrais viviam da caça, da pesca, da coleta e de carcaças. A vida era difícil porque faltava comida, a dependência das estações era total e ainda havia muitos predadores do homem. Nesse momento da história humana o maior risco era morrer de fome, de sangramento em acidente ou por infecção após ferimentos. Além, claro, por ataques de animais ferozes.

Quando o homem se espalhou pela superfície terrestre, ele passou a conviver cada vez mais com bactérias, fungos, protozoários e helmintos em seu organismo. Alguns desses agentes propiciavam doenças, mas a grande maioria se tornou parte do organismo, como a flora bacteriana intestinal, que tem grande importância na saúde humana.

Óbitos no mundo e no Brasil por gripe suína

Somente depois que o homem começou a revolução agrícola, no período neolítico, é que provavelmente novas doenças começaram a surgir e se mantiveram sempre presentes nos seres humanos. O gado trouxe a varíola e a tuberculose; os porcos e aves, a gripe, e o cavalo, o resfriado comum. Para se disseminar, esses vírus e bactérias precisam de aglomerações maiores do que aquelas do homem que caçava, pescava e coletava alimentos. Por isso, ao mesmo tempo em que no neolítico a fome deixou de ser um grande problema, várias doenças se instalaram, como a gripe.

Populações com grande contato entre si, como aquelas do supercontinente eurasiano foram, geração a geração, tendo contato com várias cepas dos vírus e foram adquirindo imunidade. No entanto, povos com bom desenvolvimento econômico, mas isolados, como aqueles que compunham a civilização inca, foram dizimados pela varíola e pela gripe, ambas trazidas pelos espanhóis no século 16. A história da humanidade é acompanhada por doenças. A peste negra alterou o mapa da Europa e da Ásia no século 19. O exército napoleônico sucumbiu à febre tifóide no século 19.

Por esse motivo, a possibilidade de epidemias periódicas de uma doença, como é o caso da gripe, é sempre grande. A questão é o quão hábeis nós somos em identificar um novo vírus, impedir seu espalhamento, produzir a vacina específica e tratar precocemente aquele que ficar doente.

O processo atual não é culpa de governos, de povos migrantes ou mesmo dos porcos. Aliás, os suínos tiveram importância mínima na cadeia causal dessa epidemia, agora denominada Gripe H1N1.

Na próximas páginas, você vai saber o que é o vírus H1N1, o que o diferencia dos demais vírus de gripe, por que ele é tão perigoso para os seres humanos e como a gripe provocada por ele pode ser identificada. Nossos hospitais estão preparados para lidar com esse tipo de gripe? Continue lendo para saber.

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