quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Novo relatório marca início da campanha de Oceanos no Brasil



Estudo do Greenpeace elaborado após entrevistas com 46 especialistas no assunto revela os principais problemas dos mares brasileiros e aponta soluções para quatro temas básicos: Áreas Marinhas Protegidas, Estoques Pesqueiros, Impacto das Mudanças Climáticas nos Oceanos e Política Nacional. Confira aqui detalhes do relatório e também do documentário O Mar É Nosso?, realizado em parceria com a Canal Azul.
Confira abaixo detalhes de cada capítulo.
Mares desprotegidos

O mar quando quebra na praia é bonito, mas também poluído e degradado em termos de biodiversidade e recursos pesqueiros. Os oceanos, que cobrem mais de 70% da superfície do planeta e são fundamentais para o seu equilíbrio climático, estão agonizando em praia pública. E apesar de todos os sinais do iminente colapso, pouco ou nada se faz para evitar essa catástrofe. Leia mais

A Organização das Nações Unidas (ONU) recomenda que, no curto e médio prazos, 20% dos oceanos sejam protegidos com a adoção de Áreas Marinhas Protegidas (AMPs), subindo para 30% no longo prazo. Devido ao estado precário dos mares, O Greenpeace defende uma proteção ainda maior - 40%, baseado em estudos realizados por renomados cientistas (link para o roadmap). No entanto, apenas 1% dos oceanos mundiais está protegido atualmente. No Brasil, a situação é ainda pior: 0,4% dos 4,3 milhões de quilômetros quadrados de mar sob jurisdição brasileira estão sob os cuidados de unidades de conservação federais.

Esse é o tamanho do nosso problema. Mas vamos encará-lo e, com sua ajuda, exigir soluções para resolvê-lo.

As Áreas Marinhas Protegidas (AMPs) são a melhor ferramenta para proteger a biodiversidade dos oceanos e garantir a reposição de seus estoques pesqueiros. Essa é a opinião dos especialistas que consultamos durante a elaboração do diagnóstico sobre a atual situação dos oceanos no Brasil. Com as AMPs, temos benefícios ecológicos e econômicos - daí a urgência para que elas sejam implementadas o quanto antes.
Segundo a Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) da ONU, é preciso criar uma rede que inclua áreas altamente protegidas, com proibição da pesca, e outras (mais amplas) mais flexíveis, em que há o manejo sustentável dos recursos marinhos - tanto da pesca como do turismo.

Por isso é fundamental pressionarmos o governo brasileiro para que invista na criação de AMPs nos mares nacionais, implemente para valer e fiscalize as já criadas, e garanta recursos humanos e financeiros para a administração dessas unidades de conservação.

E contamos com você para nos ajudar nessa luta! Acompanhe as novidades na página da campanha de Oceanos e participe de nossas atividades. Para que os oceanos continuem não apenas azuis, mas também sadios, limpos e sustentáveis!

Florestas / Recursos Hídricos


A imensidão do mar sempre nos deu a sensação de que temos uma fonte inesgotável de comida logo ali, no litoral. Não é bem assim. Apenas 10% dos oceanos são produtivos em termos de pesca, os 90% restantes são quase desérticos. Mas ainda assim deles retiramos boa parte de nosso sustento alimentar. O problema é que tiramos e tiramos recursos do mar, sem dar tempo para ele se recompor. E de onde tudo se colhe e nada se planta, tudo pode acabar. Leia mais
Segundo dados do governo brasileiro, 80% dos recursos marinhos brasileiros enfrentam problemas devido à exploração excessiva, sem critérios e, muitas vezes, irregular. Não à toa a produção de pescado no país cresce lentamente e, no caso de algumas espécies como a sardinha, tainha, camarão e corvina, chegou ao limite do colapso. Ou encontramos meios sustentáveis de exploração, ou vamos sentir saudades daquele peixinho frito dos fins de semana.
Outro problema sério da atividade pesqueira é a pesca incidental - o bycatch. Diversas espécies (tartarugas, golfinhos, albatrozes) são capturadas e mortas sem necessidade devido ao uso de redes de arrasto e outras técnicas ultrapassadas de pesca. É preciso um ordenamento sério e eficaz da atividade para evitar o bycatch, incluindo aí a conscientização dos empresários do setor e também dos pescadores de comunidades costeiras.

Com a campanha de Oceanos o Greenpeace quer colaborar para encontrar soluções viáveis e eficazes para essa crise pesqueira que ameaça a todos nós. Para isso é preciso, além de ordenar adequadamente a atividade pesqueira, incentivar a criação de mecanismos de certificação do pescado, desestimulando a captura ilegal; cobrar uma fiscalização eficiente da pesca; informar e conscientizar a população sobre o problema; e pressionar o governo para medidas sejam tomadas para evitar o colapso dos recursos pesqueiros nacionais.

Contamos com você para nos ajudar nessa luta! Acompanhe as novidades na página da campanha de Oceanos e participe de nossas atividades, garantindo assim a sustentabilidade dos nossos oceanos.




Agricultura sustentável / Transgênicos

Não se fala de outra coisa: o aquecimento global está aí e tem causado inúmeros problemas no planeta. Mas o que não se comenta é o papel fundamental dos oceanos nessa história toda. São eles o grande amortecedor climático do planeta e vêm acomodando a variação da temperatura desde os tempos da Revolução Industrial (século 18). Mas para tudo há um limite e este chegou também para os oceanos. Leia mais

Eles já estão absorvendo CO2 demais e segurando boa parte do calor produzido pelo homem no planeta. Agora a tendência é o mar, que cobre 71% da superfície da Terra, se expandir. Com isso, as áreas costeiras dos países, onde vivem boa parte da população mundial, estão sob grande risco de inundações - em alguns casos mais graves, até de desaparecer. A vida de milhões de pessoas está em xeque.

Ou redobramos nossa atenção e agimos o quanto antes para combater o aquecimento global ou teremos sérios problemas mais adiante com o aumento do nível do mar. Sim, porque os oceanos demoram a sentir os efeitos desse aquecimento mas, uma vez iniciados, são difíceis de serem parados.

O super-aquecimento dos mares não afetarão apenas as comunidades costeiras, mas também a fauna marinha, causando grandes impactos ambientais e socio-econômicos, com a significativa redução dos estoques pesqueiros. Além disso, há o risco de intensificação de eventos climáticos extremos, como furacões e enchentes.

No Brasil, a história não é diferente. São 42 milhões de brasileiros vivendo ao longo dos 8.698 quilômetros de costa e diretamente ameaçados por uma possível elevação dos mares. E temos que levar em conta ainda os custos econômicos que o problema geraria ao país com os danos causados às cidades litorâneas - cinco das quais metrópoles à beira-mar (Belém, Fortaleza, Recife, Rio de Janeiro e Salvador, onde vivem 22 milhões de pessoas).

O que podemos fazer para enfrentar esse problema? Muita coisa! Um pouquinho de ação de cada um já é uma enorme contribuição para frearmos o aquecimento global e evitar o aumento do nível do mar. E são muitas as frentes que exigem a nossa colaboração:

* Parar com a destruição das florestas;
* Troca da energia suja (petróleo, carvão, nuclear, grandes hidrelétricas) por energia limpa (solar, eólica, pequenas centrais hidrelétricas);
* Economia de energia;
* Mais transporte coletivo e bicicleta, menos automóveis;
* Evitar o desperdício de água;
* Sistemas eficientes de drenagem urbana, coleta e tratamento de esgoto;
* Uso racional de água e energia em residências;
* Recuperação de áreas verdes nas cidades e mata cilitar à beira de rios e nascentes;
* Comprar madeira certificada.

Mude o clima e evite o aumento de temperatura do planeta - e também dos mares!

Outros temas específicos

O Brasil tem uma Secretaria de Pesca (Seap), um Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), um Ministério do Meio Ambiente (MMA), a Marinha, mas... quem cuida do mar, afinal? Ninguém sabe, nem os integrantes dos órgãos citados. O descaso brasileiro em relação ao mar é por falta de uma organização na gestão, ausência de governança e falta de prioridade. São vários setores do governo cuidando da mesma questão e deixando várias outras à deriva. Leia mais

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